Desde a Revolução Industrial que as várias indústrias se encontram em constante desenvolvimento, com o objetivo de dar resposta a uma sociedade que não para de aumentar. Inicialmente, o setor pretendia produzir uma grande quantidade de bens, considerando ilimitados os recursos naturais que tinha à sua disposição. Nesta altura, as preocupações ambientais eram escassas e toda a poluição gerada, traduzida numa pluma de poluentes desenhada no céu, era mesmo sinónimo de prosperidade e muitas vezes utilizada para promover o turismo.
Com o passar dos anos e com a maior consciência ambiental, este pensamento mudou. Várias inovações tecnológicas surgiram e estratégias de gestão ambiental foram progressivamente implementadas. Ainda assim, a produção de grande quantidade de resíduos, muitas vezes descartados no meio ambiente, continua a ser um problema atual. Face a este problema, quão bom seria se arranjássemos uma solução que maximizasse a produção, minimizando os resíduos que à partida não teriam qualquer utilização? Fantástico, certo?
Pois bem, esta solução já existe e consiste na criação de Eco-parques!
Mas antes de falarmos de Eco-Parques, importa percebermos o seu principio-base: um Ecossistema Industrial.
Ecossistema Industrial
Com a introdução progressiva do conceito de sustentabilidade no mundo industrial, um novo ecossistema emergiu – falamos de um Ecossistema Industrial.
Um Ecossistema Industrial baseia-se no pressuposto de que os resíduos provenientes de um dado processo industrial podem servir como matéria-prima para outro processo, minimizando, desta forma, o impacto ambiental da indústria. Através deste reaproveitamento, a indústria é convertida num sistema fechado, no qual a recuperação de materiais e energia é maximizada e a produção de resíduos para o exterior do sistema é nula, de acordo com os princípios da economia circular. Desta forma, com a valorização dos seus subprodutos e resíduos, estas empresas conseguem simultaneamente reduzir custos económicos e impactes ambientais.
Eco-Parque de Kalundborg
Foi neste sentido que surgiram os Eco-parques, formados por um conjunto de empresas que funcionam em simbiose industrial, trocando fluxos de matéria e energia entre si.
O Eco-parque de Kalundborg, na Dinamarca, conhecido internacionalmente como o modelo pioneiro, teve início em 1961 e desenvolveu-se progressivamente ao longo de 5 anos.
Este modelo surgiu através da parceria entre o município de Kalundborg e a empresa Statoil para o fornecimento de água para uma refinaria. Em 1972, a Statoil entrou em acordo com a Gyproc, dedicada à produção de gesso, para o fornecimento do excesso de gás produzido. Ao longo dos anos mais empresas foram interligadas e, em 1989, o termo “simbiose industrial” foi usado pela primeira vez para descrever a colaboração. Desta simbiose resultou o reaproveitamento de fluxos de água, energia, gesso, cinzas, biomassa e metais preciosos.
Em Portugal surgiu também, em 2009, o Eco-parque do Relvão, situado na Chamusca, em Guimarães, que conta já com cerca de 25 empresas e que contribui para a criação, desenvolvimento e implementação de bens e serviços ambientais, aplicando nas suas operações, sempre que possível, o paradigma da ecologia industrial.